Aparelho Android, Máquina de Fazer Compras

ANDROID NÃO FAZ ROOT


Quando, em 2014, eu adquiri um belo e atraente tablet Android, não imaginava a situação de subalterna que ficaria.

Vamos explicar melhor.

Sou usuária de software livre desde 2009. Já usei muitos sistemas de computadores que não eram Windows, isto é, que não eram softwares proprietários.

software livre


Usei Kurimin (o meu primeiro sistema livre e inesquecível de bom), Ubuntu, Xubuntu, Lubuntu, Debian, Bodhi, Slackware, enfim, muitos, muitos.

O usuário do software livre, mesmo não sendo um programador de computadores, tem muito domínio sobre o que acontece na sua máquina. Tem liberdade inclusive de substituir o sistema por outro de seu interesse.

O sistema GNU-Linux, sistema de software livre, estimula seus usuários a aprender o que acontece no seu computador, deixando definirem o que o computador fará: ao que e a quem irá servir. Definindo, o seu propósito.

A proposta do aparelho Android é só uma: estímulo à compras. É definida por sua empresa, Google. O aparelho é basicamente um catálogo de compras digital. Em pensar, que paguei por isso... é como comprar os catálogos de supermercado.

Quase que 99% dos aplicativos fazem propagadas.

android


Mesmo que seus usuários não comprem nenhum dos apps pagos, usem somente os gratuitos, ainda assim, estarão sendo bombardeado com anúncios personalizados, a todo momento, de acordo com a região onde mora no planeta.

Essas propagandas constantes influenciam. O desejo por compras será sempre cultivado no Android. É difícil manter uma mente equilibrada com tanto assédio.

O sistema livre para computador, GNU-Linux, dá liberdade a seus usuários a não permitir anúncios em seu computador. Novamente, quem define para que serve a máquina é o usuário.

aparelho android root
Definição do site Diolinux

Um aparelho Android não é assim. Android é um open source. Não é um software livre, não respeita as 4 liberdades.

Um aparelho Android, aparelho Google, não permite que seus usuários substituam o sistema por outro. Não se limita a apenas programas, o aparelho em si somente funciona com Android.

No sistema Android, se for possível substituí-lo por outro sistema, apenas um programador de computadores poderá executar essa tarefa.

O usuário no Android não tem acesso ao root, exceto se for um hacker dos bons! 

Outro aspecto importante, um tablet Android não é um computador.

Em um computador, pode ser instalado o sistema que quiser.

A minha experiência com Android, software open source, conseguiu ser muito mais limitada e negativa do que com o Windows, software proprietário. Imaginava que pelo fato do Android ser um open source, algo próximo ao software livre, daria mais liberdade ao usuário do que o Windows.

Nos PCs que tinham Windows, sempre pude instalar outros sistemas. Pude sempre instalar softwares livres.

Acostumada a dominar a minha máquina, senti sufocada, obrigada a me submeter ao propósito do sistema Android.

O aparelho Android não pertence a quem o comprou, mas ao Google. É um aparelho Google que só roda os seus apps.

O Windows só é proprietário dos programas (softwares proprietários), não age como o proprietário da máquina.

O Windows apenas aluga o seus programas. O Android aluga os programas (apps) e o próprio aparelho. 

Agora, para que gastar com isso, se existe uma enorme comunidade internacional que desenvolve, diariamente, softwares livres?

O meu celular não é Android e faço questão de me manter fora dessa imposição de mercado tecnológico, onde o Google não quer ceder espaço a mais nenhuma outra empresa tecnológica. Fingindo ser a única competente para tal finalidade.

***

Particularmente, recuso anúncios de todos os tipos no meu computador. No navegador firefox, uso o complemento Adblock Plus, que bloqueia anúncios nas páginas da internet.

Quando adquiri o tablet android, passei por muita dor de cabeça, porque a minha maneira de usar um computador e seus programas segue um sentido contrário aos dos aparelhos Google.

Pensei que poderia ser o superusuário (root) do aparelho Google. Todas as tentativas que me esforcei para ter acesso root fracassaram.

No Android, o usuário é restringido e entretido para fluir no proprósito do mercado Google.

Entretanto, não quero seguir o propósito de ninguém. Eu determino o meu próprio propósito e mudo-o se quiser. (Dá licença?!).

No linux, mesmo se estiver rodando do CD de instalação, ou seja, mesmo que o sistema não esteja instalado no PC, facilmente o usuário pode ativar a condição de superusuário, definindo o que desejar e precisar em sua máquina.
linux root
O pinguim é o símbolo do Linux, sistema livre

Alguns usuários do Android dirão que é possível, sim, fazer root, usando aplicativos como KingRoot.

Mas esses aplicativos que prometem fazer root, vários não são universais, não funcionam em todos os aparelhos. Quando funcionam, é um fake root. Na verdade, não fazem root, apenas ganha-se alguma "permissão" de instalar alguns aplicativos especiais que Android não reconhece.

No fake root, no máximo, poderá "simular" um GNU-linux dentro do Android.

Porém, não se pode ser livre dentro de um open source, pois este não respeita as 4 liberdades.

android fazer root
Não é possível fazer Root no Android, open source


Então, a minha experiência com o Android foi um choque, praticamente. Pensei que conhecia o suficiente a respeito de open source e aparelhos Androids, mas estava muito enganada. Descobri tardiamente. Não esperava que seria um catálogo digital que pode acessar a internet, infestada de anúncios irritantes. Principalmente, desconhecia o fato de que o usuário não pode fazer root, exceto se for um hacker (e olhe lá, heim). 

Desde que estou com esse tablet, ou seja, há dois anos, não me serviu de nada.

O acesso a internet, a própria internet em si, não pode ser reduzida a um mero e banal canal de compras.

Conte como é a sua experiência com Android. Você gosta? Está lhe ajudando?

Comentários

  1. Rodrigo: este artigo é muito, muito útil... Muito obrigado Letícia

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