A Minha Cadeira Motorizada - Scooter - Neat 4 - Mobilidade Reduzida

Adaptação para o meu uso da Cadeira Motorizada

 

Introdução - Miastenia Gravis e o Uso da Bengala

 

Eu tenho miastenia gravis generalizada, afeta quase todos os músculos desde visão (visão dupla), fala, mastigação, pernas, braços, mãos. Sinto fraqueza, um cansaço anormal. Não é uma doença progressiva, há muitos momentos de melhora e sinto muita energia. Não passo o dia todo com visão dupla, ela só aparece quando estou fazendo algum movimento, andar ou falar muito.

Muitas vezes, tenho dificuldade para andar. Fico em pé numa boa, mas é comum ter dificuldade de sentar ou levantar. 

Uso bengala desde 2012. Eu tive um tempo de adaptação da bengala, pois sentia muita vergonha de usar. Porém, ela me ajudava muito e a fase da vergonha passou. Não é sempre que preciso usar, então, uso bengala dobrável, quando não preciso fica dobrada na bolsa, mas preciso com frequência para andar nas ruas, quase diariamente. 

Vergonha de Usar bengala

 

Mas há momentos que a fraqueza é muito grande e a bengala não é suficiente para me ajudar. Nessa fase, quase não dá para andar. Geralmente, acontece na minha TPM (tensão pré-menstrual), na fase de aumento da progesterona os sintomas da miastenia gravis tendem a piorar, depois melhora.

De todo modo, não é só na fase da TPM que sinto fraqueza grande nas pernas, pode acontecer por eu ficar nervosa, por o dia estar com uma temperatura muito alta e outros motivos. Então, muitas vezes, passava esse tempo de fraqueza maior sem poder sair de casa e tomar um sol. Muito tempo mesmo.

Então, que fiquei tentada em adquirir uma cadeira motorizada - uma inovação dos últimos 20 anos na história da humanidade. Ainda não é muito comum no Brasil, mas está ficando.


Vergonha de usar a Cadeira Motorizada - Scooter, Neat 4

(Não tenho carro nem habilitação para dirigir - CNH)    

Vale dizer que uma cadeira de rodas comum, para mim, não ajudaria, porque tenho fraqueza generalizada. Não teria como me deslocar com o uso das forças dos braços, pois elas são limitadas de modo semelhante as minhas pernas.

A questão da minha mobilidade ser limitada me trazia a necessidade de um suporte além da bengala. Mas como posso ficar de pé e andar dentro de casa ou outros estabelecimentos planos, a ideia de uma cadeira motorizada me parecia confusa

Sentia a necessidade de usar, mas ficava preocupada no que os outros iriam pensar... No fim, de tanto refletir, cheguei a constatação de que não importa o que as pessoas pensam ao meu respeito, mas sim o que eu penso de mim mesma.

Então, depois de mais de ano, pensando em adquirir uma cadeira motorizada, depois de pesquisar bastante e me informando até sobre como conseguir uma cadeira pelo SUS (Sistema Único de Saúde), decidi adquirir uma.

Mas como a minha questão é "mobilidade reduzida", fiquei preocupada em adquirir uma cadeira "motorizada clássica", logo preferi a versão "scooter", que parece um carrinho - não parece uma cadeira de rodas. Posso ter sido preconceituosa também nesse quesito. 

minha cadeira motorizada

minha cadeira motorizada
A scooter Neat 4 - A minha cadeira motorizada

 

Temos uma cultura que discrimina a deficiência física e quando nos vemos nessa situação, se não quebramos esse preconceito de si mesmo, fica difícil. Porém, no meu caso, era viável a scooter.

Eu levei bastante tempo para usar a scooter, pois eu estava em uma fase da vida de grande recuperação de saúde e ganho de energia física. Pensava que logo poderia vender a cadeira motorizada em vez de usá-la. Melhorei de fato, mas não esse ponto (ainda).

Não queria usar a cadeira, o "carrinho" como as pessoas costumam dizer quando a veem, pois chama atenção, principalmente, para as crianças, algumas ficam alucinadas. Realmente, a scooter parece mesmo um "carrinho" ou um "briquedão".

Para uma cadeira de rodas motorizada, ela é robusta e me ajuda muito. Pode andar até mais de 30km em um dia. Posso economizar no uber. O transporte público, ônibus municipal, já não pago, mas quando a fraqueza é grande, fica difícil usar. O carrinho me ajuda a deslocar de um bairro para outro próximo. 


Adaptação do Uso da Scooter 

 

No sábado passado, não quis arriscar forçar os músculos. Resolvi sair com a scooter.

Estou me adaptando ao uso do "carrinho", e tem me ajudado. Como ficava logo cansada ao 
andar, usei o carrinho no domingo também para comprar frutas hortifrúti.

No sábado, andei 8 km, ida e volta para casa. O carrinho é forte, mas é necessário cuidados, 
evitar buracos, quedas bruscas e mesmo com algumas rampas mal posicionadas, pois ele 
pode empacar.

No domingo, fui e voltei com ele, assim como fiz no sábado, fui lanchar em um mercado a 
4km de casa, salada com broto de feijão e um litro de água de coco! Ir com o carrinho me
economizou pelo menos 20 reais de UBER.

Tomei o cuidado de sai com o carrinho fora do horário de pico. No sábado, depois das duas 
e no domingo. Gostaria de usá-lo em outros dias e horários, mas precisaria ver trajetos tranquilos.
 Há riscos.

A minha experiência no transito com o carrinho mostra que os / as motoristas são colaboradores
 e respeitam a scooter. Sempre que precisei de ajuda, surgia alguém, ou para desempacar o
carrinho de uma rampa desalinhada, ou para sinalizar aos carros que o carrinho iria sair na rua, 
solicitando que parassem um momento. Uma boa experiência.

Mesmo se as pernas não puderam ajudar, estando mais fracas por conta da miastenia gravis, 
com o carrinho posso sair e tomar sol e isso faz uma tremenda diferença. Estar me relacionando
 com as pessoas, junto com as pessoas na rua, do que esperar (entendida) vários dias em casa
 até as pernas melhorarem.

Andei bastante nas calçadas, mais do que imaginava. Na Vila Nery, bairro vizinho ao meu, há 
bastante calçadas com rebaixamento, não apenas para cadeiras de rodas, mas para carros, e
 as calçadas são planas na maioria.

Adoro o fato de ela ser um veículo elétrico e econômico - energia limpa! O veículo elétrico tem
muita dificuldade de entrar no mercado nacional. Ela é importada da Ásia, onde os veículos
elétricos são populares na China e Japão.

Enfim, estou cada vez mais interessada em usar a scooter!! A adaptação está ocorrendo e 
fico contente. 

scooter elétrica


Obs: Uma coisa notei, tanto a minha bengala quanto a scooter são de fabricação asiática - China ou países próximos.


Ela cabe no ônibus com elevador adaptado.


Detalhes técnicos da scooter Neat 4: 

https://www.ortomix.com.br/produtos/catalogo-power/cadeira-de-rodas-motorizada-neat-4/neat-_-4








 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Wu Xia / Swordsmen (Filme chinês - 2011)

Viver com a Miastenia - Documentário

Meus Pés são a Cadeira de Rodas